A pandemia do novo coronavírus afetou todas as nações do mundo, umas mais do que outras. Prova disso é o Brasil passando por situação tão delicada enquanto países europeus já começam seus processos de reabertura de maneira mais segura.
Outro país muito afetado pela pandemia é o Peru. O país sul-americano foi um dos primeiros a adotar as medidas de isolamento e destinar boa parte dos recursos ao combate da doença, porém, isso não se mostrou suficiente.
O país agora ostenta a péssima marca de ser o país com a maior taxa de mortalidade por Covid-19 no mundo, superando até mesmo nações mais afetadas pelo vírus, como os Estados Unidos, Brasil e México.
Diversos fatores contribuíram para o alto índice
Apesar de terem sido um dos primeiros países a adotarem medidas de distanciamento social e pacotes de apoio a população, o Peru viu sua taxa de mortalidade subir com o constante avanço da pandemia no país.
Excluindo os países com população muito baixa do índice, o Peru ostenta a mais alta taxa de mortalidade do mundo. A cada 100 mil peruanos, são registrados 87,53 mortes, muito superior aos 55,05 anotados pelo Brasil, país com muito mais infecções.
O problema no país não é simples, sendo múltiplos os fatores determinantes para o aumento da taxa. A falta de preparo dos hospitais da rede pública, além de uma política de cuidados ao invés da prevenção foram alguns dos agravantes.
“[…] havia uma abordagem mais centrada no hospital do que preventiva ou de detecção” disse o dr. Esnesto Gozzer, que trabalhador da Universidade Cayetano Heredia, em entrevista dada à BBC.
A política de tratar os já infectados sem dar a devida atenção aos métodos de prevenção para evitar novas infecções fez com que muitos peruanos acabassem ficando sem tratamento, justificando o aumento no número de mortos.
Festas clandestinas podem ter sido um agravante
Além do despreparo do governo peruano em lidar com a pandemia de maneira adequada, outro agravante para aumentar a taxa de mortalidade foram as festas clandestinas, infelizmente comuns no país.
Apesar de ser um agravante considerável da proliferação da doença em território peruano, esse não pode ser considerado o principal motivo dos altos índices de acordo com especialistas:
“As festas clandestinas sem dúvida contribuíram para o índice de mortalidade, mas não acho que sejam a causa principal”, afirmou Pablo Lavado, professor da Universidade do Pacífico, em entrevista dada à BBC.
“Colocar a maior parte da culpa em cima das próprias vítimas é obtuso, cruel e torna invisíveis as falências estruturais que tornam possíveis que situações como essa se repitam” também disse o El Comercio, um dos principais jornais do país, em editorial recente.
Apesar dos percalços, o país trata a pandemia com a transparência necessária para o momento, e os altos índices são registrados por conta disso. Talvez, se os números totais de todos os países fossem contabilizados de maneira transparente o ranking de mortalidade fosse outro.
