Médicos advertem sobre falso tratamento precoce contra Covid-19

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Após membros de uma família morrerem devido à piora em quadros clínicos ocasionada pelo uso indevido de falsos tratamentos contra a Covid-19, médicos de todos os estados alertam sobre o perigo de medicamentos não comprovados.

O uso impróprio de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento da doença foi  o principal agente para a piora de diversos pacientes que necessitaram de oxigênio após entrarem em estado crítico.

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Médicos advertem sobre falso tratamento precoce contra Covid-19
Fonte: (Reprodução/Internet)

Falsos tratamentos dificultam recuperação

O Dr. Guilherme Lima, do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Eduardo de Menezes (referência no atendimento a infectados em Belo Horizonte), disse ao G1 que já atendeu um paciente que usava cloroquina, ivermectina e azitromicina ​​para tratar precocemente o vírus.

Esse paciente ficou doente e precisou de oxigênio para não morrer. O mesmo ainda afirmou estar surpreso, pois não esperava que o diagnóstico positivo para Covid-19 viria pois fazia uso contínuo dos remédios.

O médico afirmou que atendeu o paciente no estava no 5º dia de sintomas e que toda a família fazia uso de medicamentos sem o diagnóstico do Covid-19 e após serem diagnosticados. No oitavo dia, o médico afirma que o paciente foi internado e precisou de oxigênio pois contraiu pneumonia atém de estar desidratado.

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Segundo infectologista, maioria que vai para UTI fez uso de medicamento

Estevão Urbano, epidemiologista e presidente do Sociedade Mineira de Infectologia, disse ao G1 que a maioria dos pacientes que atendeu no hospital realiza o uso constante de algum remédio sem comprovação científica para combater ou prevenir a Covid-19.

O epidemiologista, também membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de BH, disse que participou de um caso onde o paciente que estava com febre e dores no corpo desde o natal, tomava os remédios, mas morreu dias depois de procurar ajuda médica.

“Vários pacientes que chegam em hospital já graves, maioria deles, em algum momento, fez a utilização de terapia precoce, seja ivermectina ou cloroquina, é muito mais comum que a gente acredita. A maioria dos pacientes que vão para UTI fizeram uso de medicamento” completou o médico.

Médicos advertem sobre falso tratamento precoce contra Covid-19
Fonte: (Reprodução/Internet)

Estudos garantem ineficácia de medicamentos contra a Covid

Em 16 de julho de 2020, ainda outro jornal, o Annals of Internal Medicine, mostrou que a hidroxicloroquina não era eficaz para pacientes com Covid-19 leve. Em outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou seus próprios resultados que mais de 30 países participaram do estudo, com mais de 11.200 participantes.

No estudo, os cientistas afirmaram que quatro antivirais utilizados contra a Covid-19 não possuem efeito ativo contra a doença, sendo eles: 

  • Remdesivir;
  • Hidroxicloroquina;
  • Lopinavir/ritonavir (combinação);
  • Interferon beta-1a.

Em novembro de 2020, um estudo brasileiro mostrou que pacientes que tomaram cloroquina por muitos anos têm o mesmo risco de desenvolver Covid-19 que pacientes que nunca tomaram cloroquina. Cerca de 400 estudantes de medicina e quase 10.000 voluntários participaram do levante.

Antes disso, há estudos que demonstraram que a substância não é eficaz na prevenção ou no tratamento a doença. A revista científica Nature é uma das mais famosas do mundo, e publicou dois estudos afirmando que a cloroquina e a hidroxicloroquina não são eficazes contra a Covid-19.

Governo gastou milhões em remédios contra Covid

Desde o início da pandemia, o presidente e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, defendem o chamado “tratamento precoce” da Covid-19, ou seja, o uso dos referidos medicamentos nos estágios iniciais da doença.

Foram cerca de 90 milhões de reais em medicamentos contra Covid-19 , segundo levante da BBC News Brasil. Os medicamentos formam cloroquina, ivermectina, hidroxicloroquina, tamiflu, azitromicina e ninidazol, e conforme os estudos, não mostraram utilidade no combate ao vírus.

Medicamentos foram comprados para campanha governamental

Em maio de 2020, o Laboratório Farmacêutico Químico do Exército adquiriu uma tonelada de Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFA) para a produção de cloroquina, a um preço superior a 1,3 milhão de reais.

O valor gasto com a medicação foi de pelo menos 89.597.985,50 reais. Durante aquele mês, o Ministério da Saúde lançou um plano de tratamento para Covid-19, que recomendava o uso de cloroquina relacionada à azitromicina para os sintomas iniciais da doença.

Investimentos em vacinas contra o SARS-CoV-2 também aconteceram

A aposta inicial do governo foi a chamada vacina de Oxford, desenvolvida pela farmacêutica britânica AstraZeneca. A União também se juntou a um consórcio coordenado pela Organização Mundial da Saúde para a compra de agentes de imunização, denominada unidade Covax.

Leita também: Fiocruz adia para março a entrega das vacinas de Oxford.

Em dezembro de 2020, o Ministério da Saúde firmou convênio com o Instituto Butantan, vinculado ao Governo do São Paulo, para investir na compra de equipamentos para uma central de produção de vacinas no valor de R$ 63,2 milhões, mas que ainda não foram pagos.

Médicos advertem sobre falso tratamento precoce contra Covid-19
Fonte: (Reprodução/Internet)

Durante o ano passado, R$ 733.707.652,36 foram pagos ao Instituto Butantan. Porém, esse dinheiro foi usado para comprar vacinas para outras doenças, e não fez parte da ação orçamentária de custos relacionados à pandemia

Os valores foram apresentados pela BBC News Brasil por meio da ferramenta Siga Brasil, do Senado Federal.

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