Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna foram as vencedoras do Nobel de Química, pelo desenvolvimento do Crispr, um método de edição de genoma. A divulgação foi feita nesta quarta-feira (7), sendo a primeira vez na história da Academia Sueca que duas mulheres ganham juntas a premiação.
Charpentier ocupa o cargo de direção do Instituto Max Planck de Biologia de Infecções em Berlim, enquanto Doudna atualmente é professora em Berkeley na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Ambas dividirão o valor de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,3 milhões).
As duas pesquisadores estão na sexta e sétima colocação de mulheres vencedoras do Nobel de Química. Seus antecessores são Marie Curie (1911), Irène Joliot-Curie (1935), Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964), Ada E. Yonath (2009) e Frances H. Arnold (2018).

Premiação entre mulheres tem números baixíssimos
“Eu gostaria de passar uma mensagem positiva a meninas que gostariam de seguir o caminho da ciência. Acho que nós mostramos a elas que, em princípio, uma mulher na ciência pode ter impacto na ciência que elas estão fazendo. Espero que Jennifer Doudna e eu possamos passar uma mensagem forte às meninas”, declarou Charpentier na coletiva de imprensa.
Dentre todos os ganhadores do Nobel, desde 1901, a porcentagem de mulheres premiadas é equivalente a apenas 5,6%. Contudo, das 904 pessoas premiadas, só 51 eram mulheres, evidenciando uma baixa presença feminina nas premiações.
Na categoria Química o número permanece reduzido, contabilizando em apenas 3% vencedoras mulheres ao longo dos 119 anos.
Crispr funciona como uma tesoura genética
1. Os cromossomos, formados por uma sequência de DNA, são ‘recortados’ pelos cientistas com a ajuda da técnica CRISPR;
2. Esse recorte se apodera da função do RNA, transportador capaz de reconhecer a molécula de DNA, o qual recorta a molécula que os pesquisadores querem editar;
3. Com isso, quando o RNA se junta as proteínas Cas9, ele começa a editar a fita do DNA;
4. O recorte é feito em uma sequência específica. Logo, é possível silenciar ou reparar o gene que for de interesse do cientista, guiado pelo RNA Transportador.
Além disso, a geneticista brasileira Mayana Zatz, que usa o Crispr em seu laboratório, no Instituto do Genoma da USP, comentou, ao portal G1, que ele é uma ferramenta fantástica para estudar doenças genéticas. Ela afirmou que atualmente, a tecnologia está sendo usada em doenças hematológicas e câncer.