Estudo aponta que menos de 10% das bonecas no Brasil são negras

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A partir da pesquisa realizada pela ONG Avante, da Bahia foi registrado um levantamento identificando que de 1.093 modelos de bonecas em 14 sites de fabricantes de brinquedos, apenas 70 eram negras, isso indica menos de 10%.

Seis empresas apuradas pela pesquisa apontaram não fabricar bonecas de outra cor, somente de cor branca. Para o estudo apenas 6% das bonecas são fabricadas negras, enquanto 9% são ofertadas em lojas online. 

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A ONG tem feito esse estudo de casos há alguns anos, e comparando os números atuais com dados passados, notou que em 2018 houve uma queda no percentual de bonecas negras produzidas, elas contabilizavam 7% do total. Em contrapartida, nas lojas online teve uma alta de modelos postos à venda, de 4% foi para 9% neste ano. 

Estudo aponta que menos de 10% das bonecas no Brasil são negras
Fonte: (Reprodução/Internet) 

Controvérsia da produção com a população

O baixo percentual de produção e venda dessas bonecas não se relaciona com a população brasileira, tendo em vista que mais da metade do país se autodeclara negra. As indústrias e o comércio de brinquedos não ofertam muito por afirmarem que não vendem o produto, mas a pesquisadora da Avante afirma que isso é só mais uma desculpa para não vender. 

Ana Marcílio foi consultada pelo portal UOL, ela é idealizadora da campanha “Cadê Nossa Boneca?” e identifica essas respostas da indústria e do comércio como desculpas e racismo. Pois, segundo ela, os pais têm desejado comprar mais bonecas negras para as filhas para que elas possam se identificar mais. 

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Além disso, a padronização e estigmatização da boneca branca e loira não corresponde a identidade total das brasileiras. Conforme indica o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, foi contabilizado 56,2% de brasileiros que se autodeclararam como negros. 

Empresas artesanais buscam mudar o mercado 

Devido à falta de brinquedos negros no mercado tradicional, a alternativa de alguns empresários se deu pelo investimento na produção artesanal de mais bonecas negras. Como a Amora Brinquedos Afirmativos, na Bahia, da microempresária Geo Nunes. 

A Amora produz bonecas negras artesanais na capital baiana e atua com uma rede de produtoras que consegue atender até 250 pedidos por mês. Apesar do empreendimento de Nunes ela ainda percebe escassez no mercado de bonecas negras e acredita que a mudança desse cenário parte inicialmente de pequenas empresas como as dela. 

“A produção das bonecas ainda é reduzida e feita de forma artesanal. Infelizmente ainda fica ao encargo de nós, pequenas empresas, produzir de forma não industrial suprir esse mercado racista”, comenta a idealizadora do Amora

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