Hino do estado do Rio Grande do Sul é considerado racista durante protesto

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Na posse dos Vereadores de Porto Alegre na última sexta-feira (1º), cinco integrantes do PSOL, PT e PCdoB – todos componentes da chamada bancada negra – protestaram contra um trecho do hino do estado. Eles se recusaram a cantá-lo por causa de um verso considerado racista.

O trecho citado do hino, que é bastante antigo, afirma que “pessoas sem virtude acabam como escravas”. Embora vários acadêmicos consultados concordem com os políticos, o movimento tradicional gaúcho se opõe a essa análise.

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Esta atitude incomodou outros legisladores, mas Matheus Gomes (PSOL) afirmou na sessão plenária que “não tem obrigação” de cantar o hino. De acordo com decisão tomada em 2018, por meio de consulta, a execução do hino estadual não é obrigatória em instituições federais.

Hino do estado do Rio Grande do Sul é considerado racista durante protesto
Fonte: reprodução/internet

Origem do hino 

O hino foi elaborado em um contexto de guerra, no qual a única e mais comum forma de escravização era a da população negra. O hino foi escrito em 1838, enquanto a abolição da escravatura só ocorreu em 1888.

Esse não foi o primeiro caso em que solicitaram a exclusão de um verso. No passado, o hino já havia sido alterado, a pedido do deputado Getúlio Marcantonio. A remoção se deu sob o argumento de que muitos cidadãos não viam conexão com o povo gaúcho e deixavam de cantá-lo.

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O verso eliminado em 1966 foi  “Entre nós, reviva Atenas, para assombro dos tiranos. Sejamos gregos na glória, e na virtude, romanos”

Vereadora a favor do hino

“Atitudes dessa forma desrespeitosas, de indisciplina, não estão [permitidas] aqui dentro dessa Câmara Municipal de Vereadores. Nós temos, sim, que fazer a correção dos atos para que isso não aconteça dentro da Câmara que legisla Porto Alegre”, afirmou a vereadora Comandante Nádia (DEM), após dizer que os colegas contrários à canção deveriam “sair da sala”.

Simultaneamente, o MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho) disse que o trecho não possui quaisquer indícios discriminatórios. Inclusive a diretora Julia Azambuja – autodeclarada negra – assinou um comunicado dizendo que o trecho se refere a uma submissão da Província de São Pedro ao Império, durante a Revolução Farroupilha

Segundo o movimento, a comunidade negra estava perdendo uma excelente chance de ser protagonista de uma nova história ao se prender a esse tipo de polêmica. O MGT acrescentou ainda que essa história cabe aos próprios negros e brancos escreverem.

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