Recentemente, um grupo de estudiosos da Northwestern University e da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, divulgaram resultados de uma pesquisa que é capaz de prever, com determinada precisão, a disseminação da Covid-19 durante um seguinte trimestre.
A previsão ocorre graças a um modelo computacional criado pelos pesquisadores, que considera diversos fatores que aumentem o risco de contágio. Dentre eles, é analisado o trajeto que a pessoa faz no dia, seu tempo de permanência e a intensidade de tráfego no ambiente.
De acordo com Jure Leskovec, cientista da computação e responsável pelo estudo divulgado na revista Nature, o modelo analisou pessoas das mais diversas origens demográficas para concluir que a população de baixa renda está mais propensa a ser contaminada com o novo coronavírus.
Pesquisa pode explicar taxas de infecção desproporcionais
David Grusky, professor de Sociologia de Stanford e coautor da pesquisa, afirmou que a capacidade de caça da Covid-19 pode ser considerada a fim de explicar o motivo de ocorrerem tantas taxas desproporcionais de infecção, no que diz respeito à população mais carente.
Vale ressaltar que o apanhado de informações feito pelos pesquisadores para chegar a uma conclusão foi efetuado durante uma fase da pandemia onde os habitantes não utilizavam máscaras frequentemente, logo, o modelo não as considerou como possíveis agentes.
“No passado, presumia-se que essas disparidades eram causadas por condições preexistentes e acesso desigual aos cuidados de saúde. Nosso modelo sugere que os padrões de mobilidade também ajudam a impulsionar esses riscos desproporcionais”, afirmou Grusky.
Para coautor, medidas provisórias não beneficiam todos
A pesquisa ainda apontou que as reaberturas com medidas de prevenção tendem a beneficiar mais os grupos desfavorecidos. Segundo o sociólogo, os locais menores e mais lotados costumam reunir trabalhadores mais pobres, logo, aumenta o risco de contaminação.
Precisão da pesquisa é garantida por pesquisadores
Os levantes eram suficientemente detalhados para não deixarem dúvidas em aberto. Combinando o modelo com dados demográficos, os pesquisadores concluíram que as pessoas de baixa renda saem com mais frequência (por necessidade de trabalho) e compram em lojas menores, portanto, mais lotadas.
Por outro lado, os habitantes com rendas altas podem trabalhar em casa, bem como usar ferramentas de delivery para evitarem multidões. A pesquisa constatou que o risco de infecção ao comprar alimentos para a população não branca nos Estados Unidos é quase o dobro em comparação com os brancos.