Nesta terça-feira (19), foi informado que o carregamento de oxigênio (O2), vindo da Venezuela, já se encontra em terras brasileiras. De acordo com representantes oficiais responsáveis por monitorar o carregamento, é esperado que a carga chegue ainda hoje em Manaus.
A capital do Amazonas se encontra em crise devido à carência de O2 que assolou o estado, mas que deve ser amenizada com o carregamento doado pelo país vizinho. Os postos de saúde se encontram em lotação máxima, levando os habitantes a situação crítica.
Segundo governador, fornecimento de oxigênio está sob controle
A Justiça Federal determinou que o governo federal deve propor um plano de suprimento de oxigênio na rede pública de saúde e promover a transferência imediata dos pacientes que necessitam desse suprimento de oxigênio para outros estados, o que vem ocorrendo desde então.
O governador da Amazônia, Wilson Miranda Lima, se reuniu com o Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em Brasília na segunda-feira (18) para tratar da crise no estado. Wilson Lima disse que o suprimento de oxigênio está controlado.
“Hoje nós conseguimos equilibrar a nossa rede com a distribuição do oxigênio. Nós demos atenção especial para o interior com a nossa logística”, afirmou o governador.
Governador se dispõe a prestar esclarecimentos
De acordo com o governador, a notificação emitida pela Justiça Federal ainda não chegou a ele, mas que mesmo assim está disposto a prestar todos os esclarecimentos precisos. Até então, Wilson Miranda não teve sua presença solicitada para isto.
Enquanto isso, o Ministério da Saúde afirmou que vem oferecendo total apoio aos estados que solicitam, o que inclui o Amazonas. De acordo com o órgão, o envio de recursos monetários e equipamentos vem ocorrendo, e que para isso mobilizou aviões da FAB e de outras companhias aéreas.
Unidades ainda apresentam precariedade
Apesar da fala de Wilson Miranda, alguns centros de tratamento ainda alegam falta de oxigênio ou de leito, mesmo com a transferência de doentes para outros estados (até então, mais de 93 pacientes foram realocados, de um previsto de 235). Atualmente, há uma fila de espera de 364 pacientes nos leitos para Covid.
Em todo o estado do Amazonas, apenas a capital possui leitos de UTI disponíveis. Seguindo uma estratégia de realocação de leitos, todos os pacientes que se encontrarem em casos mais graves, serão transferidos para Manaus, que possui mais de 94% dos leitos ocupados.
De acordo com o governo de Amazonas, a consumação diária de oxigênio em todos os hospitais de Manaus concerne 76 mil metros cúbicos. Em comparação com o mesmo período, porém previamente à pandemia, este número cresceu cinco vezes.
Para médico, situação precária poderia ser evitada
O principal fornecedor, a White Martins, tem capacidade de produção de 28 mil metros cúbicos por dia. Um lote de 107 mil metros cúbicos de oxigênio da Venezuela já cruzou a fronteira com o Brasil, o que possibilitou prever a chegada à capital para ainda nesta terça-feira (19).
Para Raymison Monteiro, médico cirurgião do principal pronto socorro do Amazonas, as mortes por asfixia, sem oxigênio, poderiam ter sido evitadas com um planejamento que poderia preparar as pessoas para a situação atual, uma vez que a mesma já estava prevista.
Falta de oxigênio é consequência de demanda, disse governo
Recentemente, uma notícia divulgada nas redes sociais afirmava que a empresa White Martins teria interrompido o fornecimento de O2 a Manaus devido a uma dívida milionária. Porém, de acordo com a empresa fornecedora e com o governo estadual, se trata de uma fake news.
O real motivo para a falta de oxigênio no estado se trata da alta demanda imposta em um pequeno período de tempo. A companhia afirmou que já havia levado sua produção ao limite, e que conseguiria apenas suprir metade dos hospitais locais.
Tal carência fez com que a entrega dos compostos fossem viabilizadas por outros lugares, entre eles, da Venezuela. Após solicitação, Maduro autorizou que a companhia fosse buscar oxigênio no país, o que foi de fato executado.
Pazuello afirma que crise em Manaus decorre do clima
De acordo com o ministro da Saúde, a situação crítica que Manaus se encontra devido à Covid-19 está diretamente ligado às condições climáticas atuais. A capital está encarando chuvas intensas e umidade de ar muito alta, o que, para ele, interfere na atividade pulmonar.
“A 2ª onda é o que está acontecendo na Europa, Italia, Alemanha, Reino Unido, exatamente o que estou falando: inverno europeu que coincide com momento das novas chuvas intensas da Amazônia e em parte do Nordeste. Imaginem então o grau de dificuldade da atividade pulmonar”, afirmou.
