Desde 1970, as mulheres têm direito ao aborto legal em toda a Alemanha, porém o número de médicos que realizam o procedimento tem diminuído. E jovens acadêmicos de medicina tem mostrado interesse na área, para também preencher a carência dos profissionais.
Por mais que a Alemanha seja um país liberal com uma lei de legalização ao aborto, na prática, ainda existem algumas restrições. Tendo em vista que o aborto pode ser de fato legalizado até a 12ª semana após a concepção, desde que a mulher tenha passado por sessão de aconselhamento, seguida por um período de espera de três dias.
Somente depois de ter sido convencida várias vezes que a mulher pode seguir para o procedimento. Com isso, técnicas de aborto não são ensinadas nas escolas de medicina, sendo este um dos motivos da escassez de médicos para realizar a operação.

Workshops das técnicas de aborto com mamões
Para resolver as dificuldades enfrentadas por mulheres que buscam um aborto e incentivar mais médicos a aderirem ao serviço em prol da causa, a Medical Students for Choice Berlin está tentando realizar por meio de workshops com mamão e outras frutas, as simulações de técnicas para o sucesso de um procedimento abortivo.
A escolha pelo mamão justifica-se pelo seu tamanho que se assemelha a um útero, e suas sementes são aspiradas para demonstrar como o feto pode ser removido. O objetivo é colocar os alunos em frente ao procedimento para uma formalização técnica após a graduação.
“É um assunto tabu e ninguém fala sobre isso, então a maioria das pessoas não sabe sobre os problemas de acesso até que eles próprios precisem fazer um aborto”, disse Alicia Baier, fundadora do projeto em entrevista à BBC News.
Obstáculos que impedem o estabelecimento da lei
A faixa etária dos médicos alemães que realizam abortos é de 60 a 70 anos, podendo se aposentar em breve. Baier acrescentou que os jovens de hoje precisam aprender mais sobre as lutas das mulheres no século passado. Logo, é isso que o seu projeto busca alcançar.
Embora desde 2019 seja possível aos médicos divulgarem os seus trabalhos nos procedimentos de intervenção, o estado alemão proíbe a divulgação de campanhas publicitárias e indicações dos tipos de serviço que os médicos oferecem.
Em alguns lugares da Alemanha, as mulheres precisam viajar por horas só para chegar a uma clínica de aborto. Algumas, tendem a viajar para a Holanda, onde o processo é mais simples e o direito se estende até 22ª semana de gestação.
Alguns médicos também viajam da Bélgica e da Holanda para realizar abortos em cidades do norte da Alemanha, onde é ainda mais escasso e restrito o procedimento. São esses um dos fatores que impedem efetivamente a concretização da lei.
Na política, líderes que apoiam o procedimentos aos poucos chegam mais próximos do pódio. Como na Nova Zelândia, a primeira-ministra Jacindra Ardern tem ganhado o favoritismo.