A OMS alerta para uma possível crise de saúde mental advinda da pandemia do novo coronavírus. As crianças, adolescentes e profissionais de saúde são os grupos de maior risco para transtornos psicológicos.
A ansiedade e depressão são patologias previstas em potencial de crescimento, segundo a Organização Mundial de Saúde durante o atual período de quarentena.
Devora Kestel, diretora do departamento de saúde mental da OMS ressalta os principais motivos para a piora do laudo mental da população: “O isolamento, o medo, a incerteza, o caos econômico – todos eles causam ou podem causar sofrimento psicológico”.
Preocupação da OMS
Devora Kessel prevê mudanças na saúde psicológica mundial. Em entrevista coletiva recente, a profissional afirmou que um aumento no número e na gravidade de doenças mentais pode vir a ocorrer.
Ainda, a médica aconselhou os governos a tratarem do assunto como uma das prioridades. “A saúde mental e o bem-estar de sociedades […] são uma prioridade a ser abordada urgentemente”.
Público jovem atingido
A OMS analisa o público mais novo como um dos que mais pode ser atingido. As escolas fechadas geram incerteza aos menores, que não sabem como absorver toda a nova realidade.
Uma pesquisa do instituto YoungMinds, concluiu que a crise pandêmica causa um grande efeito na saúde mental de jovens e crianças.
Segundo a organização Shout, que oferece um serviço de conversação sobre saúde mental, foi possível constatar que cerca de 70% das pessoas que os contata tem menos de 25 anos e, na atual crise, 25% dos assuntos do dia são sobre ela.
Na Itália e na Espanha, pais e mães relataram que seus filhos passaram a apresentar irritabilidade, dificuldades em se concentrar, inquietação e nervosismo. Todas características da ansiedade.
Profissionais da saúde fragilizados
Os especialistas que estão na linha de frente do combate ao Covid-19 também estão sendo demasiadamente afetados no campo da saúde mental. A agência Reuters publicou recentemente uma entrevista com diversos médicos e enfermeiros dos Estados Unidos.
Eles disseram que já experimentaram por pânico, ansiedade, tristeza, entorpecimento, irritabilidade, insônia e pesadelos. Isto porque lidam com mortes assistidas pela doença, além do medo de ser infectado, e de morrer.
Outra questão que está prejudicando os especialistas da saúde é o medo de transmitir a alguém próximo. Por conta de lidarem diretamente com a doença, estão tendo de experimentar do isolamento mais severo.
Em um estudo chinês, foi constatada entre os profissionais de saúde, uma alta de 50% nas taxas de depressão, 45% de ansiedade e 34% de insônia.
Problemas econômicos e de isolamento
O relatório divulgado pela OMS também ressalta que muitas pessoas estão sendo duramente atingidas pela crise econômica. A população está ficando desempregada e não conseguindo sustentar-se nos direitos básicos.
Ao passo que as dificuldades aumentam, os índices de doenças mentais também, afirma em vídeo o diretor-geral da OMS, Dr Tedros Ghenreyesus.
O isolamento social, principal medida de contenção do vírus, também contribui no aumento de casos de patologias mentais. O apoio emocional não pode ser dado como antes, o que agrava o quadro das pessoas com doenças pré-existentes.