Consumo de plástico no Brasil dispara durante pandemia enquanto reciclagem diminui

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Durante a pandemia, devido ao crescimento no número de pedidos de delivery, houve também uma alta na utilização de compostos fabricados a partir do plástico. Além do uso de materiais preventivos descartáveis, como máscaras e luvas.

Segundo levantamento realizado pelo Atlas do Plástico, tal crescimento da quantidade de resíduos plásticos é uma questão preocupante uma vez que o Brasil recicla apenas 1,28% deste elemento. A pesquisa, até então nunca feita, foi efetuada pela Fundação Heinrich Böll, da Alemanha.

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A fundação alemã também chamou a atenção para as 70.000 a 190.000 toneladas de lixo despejadas anualmente no mar por residentes do litoral. Problema este que, além de prejudicar a fauna e flora marinha, impacta diretamente na saúde dos humanos bem como no mercado financeiro.

Consumo de plástico no Brasil dispara durante pandemia enquanto reciclagem diminui
Fonte: (Reprodução/Internet)

O Brasil, toneladas de lixo e a reciclagem 

De acordo com a pesquisa, aproximadamente 79 milhões de toneladas de lixo foram produzidas pela população brasileira em 2018. Deste total, os materiais plásticos simbolizam 13,5%, ou seja, 11,3 milhões de toneladas. Como estes índices, o Brasil se tornou o quarto maior produtor de substratos plásticos a nível global.

Em concordância com a pesquisa Ibope mencionada pelo estudo, no mesmo ano, um quarto da população não realizava a separação de lixos recicláveis dos orgânicos. Do levante total, foi esclarecido que 77% das pessoas tinham conhecimento da capacidade de reutilização do plástico, mas apenas 40% reciclavam o composto.

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Garrafas PET apresentam maior taxa de reaproveitamento 

Entre os resíduos plásticos, apenas 145 mil toneladas são recicladas, respondendo por 1,28% do total, enquanto a média global se encontra em 9%, sendo 34,6% e 21,9% nos Estados Unidos e China, respectivamente.

Entre todos os tipos de plásticos produzidos no Brasil, o polietileno tereftalato (popularmente conhecido como PET), utilizado em garrafas de refrigerante e água mineral, apresentou a maior taxa de reaproveitamento, 60%.

Política de Resíduos Sólidos ainda não apresentou eficácia 

Desenvolvida em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu que houvesse a aplicação de uma série de objetivos que visassem a diminuição dos resíduos sólidos no meio ambiente. Seu despejo impróprio pode gerar consequências irreversíveis a todos os seres vivos existentes. 

As metas incluíam elaboração de plano municipal de resíduos sólidos, declaração anual da quantidade de resíduos produzidos por região, sistema de coleta seletiva e política de logística reversa — a própria área de produção seria responsável pelas práticas de destinação dos resíduos gerados em sua cadeia.

No entanto, após mais de uma década, a política ainda não demonstrou efetividade suficiente para executar ou fiscalizar a maioria das metas previamente estabelecidas pelo programa.

Ministério explica possível motivo para baixa na reciclagem

Questionado, Ministério do Meio Ambiente afirmou que a área continental do país aumentou devido ao descarte inadequado, à falta de coleta seletiva e à baixa infraestrutura de reciclagem, o que muitas vezes prejudicou a viabilidade técnica e econômica. Tais motivos foram apontados como razões para a baixa.

A Associação Brasileira da Indústria de Plásticos (Abiplast) disse que a última pesquisa de reciclagem realizada pela consultoria MaxiQuim mostrou que o Brasil reciclou 22% dos plásticos utilizados em 2018. Segundo a entidade, o índice norte-americano foi de 24,2%, um pouco superior ao desempenho do mercado brasileiro.

No que concerne a Política de Resíduos, o Ministério disse que só a partir de 2019 os principais meios saíram do papel, tomando o Sistema Nacional de Informações sobre Gerenciamento de Resíduos Sólidos (SINIR), medida de auxílio a municípios e consórcios, como exemplo. 

Brasil é um dos países que mais polui oceanos

De acordo com o Atlas do Plástico, estudos efetuados sobre a quantidade de lixo em 170 praias do Brasil demonstram que a maioria desses locais (54%) está sujo ou extremamente sujo. No ranking de países quem mais poluem o oceano, o Brasil ficou em 16º lugar.

No entanto, os autores do estudo ressaltaram que, assim como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Plano Nacional de Combate ao Lixo Marinho, formulado pelo governo em 2019 para solucionar esse problema, também se mostrou ineficaz ao não conseguir cumprir suas metas.

Segundo Faroni-Perez, do Instituto Geração Oceano X, o Plano citado foi desenvolvido para que sua execução fosse feita também pela população. Porém, segundo ele, tudo que foi feito até então não afeta a origem do problema, pois novas políticas não foram adotadas

“O problema não é o plástico em si, ele tem usos nobres. Mas o que precisa ser feito é reduzir o consumo do que não é potencialmente reciclável e manter na cadeia de valor o que é”, completou Faroni-Perez.

Dentre essas políticas, Faroni-Perez e Montenegro destacaram iniciativas que promovessem a diminuição da fabricação, bem como da utilização de plásticos, proibição de seu uso único e incentivo à consumação a granel, além de uso de embalagens recicláveis

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