Neste domingo (15), Manuel Merino, presidente interino do Peru, renunciou ao seu cargo após protestos. Merino havia sido escalado para substituir o ex-presidente, Martin Vizcarra, destituído por impeachment.
O anúncio de abdicação surgiu após um dia conturbado de protestos que acabaram por gerar uma tensão política intensa no local. Segundo Merino, sua escolha é irrevogável e visa, como prioridade, o que é melhor para o país.
A apostásia de mais da metade dos ministros parceiros também influenciou na decisão de Merino. De acordo com a Coordenação Nacional de Direitos Humanos (CNDDHH), o levante de cobrança popular já registrou dois óbitos e mais de 100 feridos.
Manuel Merino renega cargo após protestos em massa
O período de Merino como presidente interino durou apenas seis dias. Depois de Vizcarra ser impugnado pelo Congresso, o país começou a enfrentar uma crise institucional e social que gerou protestos diários, além de marchas organizadas. Merino pediu demissão via pronunciamento na TV.
Devido à crise, o Comitê de Oradores Parlamentares se reuniu no início do domingo (15) a fim de avaliar a partida iminente de Merino. Depois de várias horas de reunião, o atual presidente do Congresso, Luis Valdez, impeliu Merino a renunciar, ato comemorado por milhares de peruanos.
Merino solicitou retorno de ministros afastados
Ao comunicar que não estava mais interessado em continuar na posição política, o ex-presidente interino prestou suas condolências às famílias das vítimas que foram mortas durante a marcha organizada deste sábado (14), e ressaltou que todas deverão ser investigadas.
Merino reconheceu a insatisfação após a indicação presidencial, mas também afirmou que havia interesse em criar o caos por trás dos protestos. Ele também fez um apelo aos ministros que haviam renunciado para voltarem aos seus cargos de modo a não deixar um vazio no poder do país.
Saída de Vizcarra motivo protestos locais
Em 9 de novembro, Martín Vizcarra deixou oficialmente o governo depois que o Congresso aprovou o processo de impeachment por “deficiência moral”. O ex-presidente foi destituído do cargo por aceitar suborno quando era governador, em 2014, o que ele negou. Entre os 130 membros, 105 votaram pelo impeachment.
A decisão foi tomada poucos meses antes da eleição presidencial, marcada para abril de 2021, e causou grande insatisfação entre o povo. Desde então, os peruanos realizaram manifestações nas ruas para protestarem contra a demissão de Vizcarra. No sábado, protestantes lotaram a praça no centro de Lima.
De acordo com a reportagem da BBC, nem todos os protestantes são apoiadores do ex-presidente. A maioria das pessoas apenas se opõe às medidas tomadas pelo Congresso contra Vizcarra.